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O novo Largo da Alfândega
Prefeitura da Capital garante que espaço será monitorado para uso seguro de moradores e turistas

Sombra em forma de renda: a estrutura metálica entrelaçada tem como ponto a Tramóia, criada na Ilha de Santa Catarina (Crédito: Gabriela Morateli)

Publicado em 18/02/2020

Moradores e turistas de Florianópolis ganharam um novo ponto de encontro e de lazer. O Largo da Alfândega, importante área do Centro da cidade, teve sua requalificação urbana inaugurada pela Prefeitura (PMF), através da Secretaria de Infraestrutura, no dia 08 deste mês. Durante as obras, parte do muro construído entre os anos de 1876 e 1912, e que fazia a contenção do mar, foi reencontrado após escavações.

Sendo assim, optou-se por deixar 65 centímetros de sua altura exposto à contemplação pública. Três dos cinco espelhos d'água concebidos para fazer menção ao mar irão de encontro ao muro, que foi restaurado seguindo as características originais de época. "Nós deixamos de ter construções feitas sem planejamento; Hoje, existe um projeto urbanístico que permite um melhor convívio, a passagem, a convivência das pessoas, a ligação do Mercado Público com a Praça XV de Novembro", comentou o prefeito Gean Loureiro.

Fechamento para o Carnaval

A partir do dia 14 deste mês, a praça do Largo da Alfândega voltou a ser interditada temporariamente com o fechamento da área com tapumes durante o período de Carnaval, e deve permanecer assim até a Quarta-feira de Cinzas, dia 26 de fevereiro. As ruas Conselheiro Mafra, Trajano, Deodoro e Arcipreste Paiva e o calçamento (paralelepípedos) do Largo da Alfândega estão abertos, mas o acesso ao interior da praça estará fechado até lá.

A segurança do local

Antes de ser requalificado, o espaço era subutilizado e causava insegurança para a população da cidade e turistas que precisavam passar por lá ou queriam conhecer um pouco mais sobre a história da cidade, pois servia de abrigo para muitos moradores de rua e usuários de drogas. “O espaço estava abandonado há muito tempo pelo Poder Público”, lembra o sociólogo e empresário Manoel Sezinando.

De acordo com a Prefeitura de Florianópolis, para evitar o uso indevido do espaço, a Polícia Militar vai ocupar o posto policial construído no local, que também contará com câmeras de segurança. A PMF ressalta ainda que o espaço iluminado permitirá a utilização do Largo da Alfândega com conforto e segurança também no período noturno.

A obra

As obras entregues contemplaram uma área total de 13.865 metros quadrados, incluindo trechos das Ruas Deodoro e Conselheiro Mafra, e receberam investimentos em torno de R$ 9,5 milhões, sendo a maior parte dos recursos proveniente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no âmbito do PAC Cidades Históricas. A execução coube à empreiteira Concrejato S/A.

O calçamento em paver (blocos de concreto intertravados) foi substituído por placas de granito, e foram reaproveitados, dentro do possível, os paralelepípedos após reforço e nivelamento do solo, em todos os 160 metros de extensão da via. Placas informativas serão colocadas em vários pontos para contribuir com o resgate histórico e a preservação da cultura local.

Na remodelação, foi demolido o posto policial e as lojinhas de artesanato, entre a Rua Arcipreste Paiva e a Avenida Paulo Fontes, e construídas duas novas edificações, compostas por dois módulos que, juntos, somam 309,42 metros quadrados de área. Elas abrigarão duas lanchonetes, posto policial, floricultura, lojas de artesanato indígena e de cerâmica, sanitários públicos masculino e feminino e centro de atendimento turístico. Sendo que a entrada em funcionamento do comércio ainda depende do processo de licitação em andamento.

Renda de bilro: referência açoriana

Os antigos bilros em tamanho gigante, referência ao artesanato açoriano, e que antes enfeitavam o local, foram substituídos por um espaço coberto com estrutura metálica entrelaçada, tendo como ponto a Tramóia, criada na Ilha de Santa Catarina. No ano passado, a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes solicitou ao Iphan que ela seja registrada como patrimônio cultural imaterial nacional. E, em dias de sol, a cobertura fará sombra em forma de renda.

Decks de madeira acomodam bancos de concreto com assentos e coberturas igualmente em madeira e iluminação artística no nível do piso, em árvores que integram o paisagismo e nos espelhos d'água que, por sua vez, terão esguichos. Já a acessibilidade tem como referência o Sesc Pompéia, de São Paulo. Pessoas com deficiências físicas e visuais terão ao seu dispor piso de granito chamado de trilho para deslocamento pelo Largo, com sinalização tátil nas mudanças de direção.

Ainda de acordo com a Prefeitura de Florianópolis, foram executadas obras de infraestrutura elétrica, hidráulica e de drenagem pluvial, acompanhadas por especialistas em Arqueologia, por envolver patrimônio histórico.

Da redação