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Imagem da Ilha em sala de aula
Jornal é apresentado em bate-papo com alunos de universidade

Crédito de foto: Arquivo pessoal

Publicado em 04/11/2019

O mês de Outubro veio com novidades. Mesmo iniciado com grandes conquistas, como a inauguração do complexo do novo Aeroporto e seu majestoso Boulevard 14/32 no sul da Ilha, encerrou com notícias de tirar o fôlego. O grupo NSC, que adquiriu há pouco tempo a gigante RBS, com seus quatro jornais diários, várias rádios e TV, optou por encerrar a operação de jornais diários no Estado. Com isso, foram retirados de circulação o Diário Catarinense e Hora, na Capital, o Jornal A Notícia, em Joinville, e o Jornal de Santa Catarina, em Blumenau. Um furacão no meio da comunicação.

Nós, do Imagem da Ilha, mesmo sentindo a crise atual na economia e a mudança de hábito para a plataforma digital - estamos presentes nas principais delas! - permanecemos fieis ao impresso. E, em função disso, no final do mês fomos convidados para falar sobre o tema, no Centro Universitário Estácio de Sá, em São José, para a turma do curso de Jornalismo.

O prof. Antônio Russo, que ministra a disciplina Técnicas de Entrevista Jornalística, me fez o convite. Aceitei e falei sobre: o quê, o por quê, o quando e o aonde do Imagem da Ilha, por 1h e 30 minutos, para seus 40 alunos, com idade média de 20 anos, e que já nasceram na era digital. Uma história que começou antes da maioria deles ter nascido. Para uma plateia de jovens curiosos, que “não consomem informação em papel”, apresentei o conceito do jornal Imagem da Ilha, fundado em 1995 e que começou como uma mala direta da locadora Video CD Show. Depois da apresentação, abrimos para perguntas, já que iriam apresentar um trabalho de classe sobre o bate-papo.

Comecei falando sobre a origem do jornal e por qual motivo ele foi lançado. Naquela ocasião, ele era direcionado aos associados da locadora, mas logo começou a ser entregue também a outros moradores do entorno, com informações sobre lançamentos de filmes e várias promoções que realizávamos mensalmente. Lembrando que, naquela época, não havia NET, Netflix, muito menos Youtube! 

Nosso público era formado em sua maioria por mulheres na faixa dos 25 a 35 anos, clientes da locadora localizada na área da Beira-Mar Norte, cujos filhos estudavam no Colégio Menino Jesus ou Catarinense. Ainda hoje temos em nosso mailing uma boa parte desse público que viu o jornal crescer. Aos poucos, pelo perfil de leitores, fomos acrescentando matérias ao jornal que tivessem a ver com esse público, com pautas de moda, decoração e gastronomia. Essas pautas e páginas deram origem aos atuais cadernos Femina, Arquitetura & Decoração e Guia Gastronômico. Criamos com isso uma fidelização à informação do “jornalzinho”, como o Imagem da Ilha era carinhosamente chamado na época.

Estrutura consistente

O crescimento em número de páginas e número de exemplares foi gradual. Começando em 1995, com 1 mil exemplares, com 4 páginas e em duas cores - azul e preto -, em 2005 comemorando 10 anos, chegamos a 10 mil exemplares e todo colorido (full color) com 16 páginas. A primeira pergunta dos alunos foi: “Como o jornal se mantém, já que é entregue gratuitamente? Tem matérias pagas?”. Expliquei que, como focamos em um perfil específico de público, conseguimos viabilizar anunciantes interessados neste público. Quanto às matérias pagas, apenas as que apresentam viés comercial.

Em seguida, o professor Antônio Russo levantou a questão sobre o pequeno número de anunciantes, porém, com grandes anúncios. Comentei que era uma das opções do modelo de negócio, pois jornais regionais que vendem muitos anúncios pequenos ficam com as páginas muito poluídas graficamente. Por isso, optamos por mais conteúdo e menos anúncios, mas em formatos maiores.

Foi perguntada ainda qual é a minha função específica no Imagem da Ilha. Falei que faço de tudo um pouco, mas a principal, além de comercializar os anúncios, é orientar as pautas, fazer críticas a elas e avaliar o layout final da edição. Enfim, preciso olhar tudo antes de ir para a gráfica. Perguntado sobre o número de pessoas que trabalham com o jornal, comentei sobre a participação de cada um dos colaboradores, desde a reportagem, passando pela edição, colunistas, pessoal do manuseio de etiquetas até a entrega de moto e bicicleta. Ao todo, são cerca de 12 pessoas.

E, para finalizar, uma das perguntas mais icônicas da noite foi a da aluna Juliana Pedroso. Depois de ter participado da aula ativamente, fazendo diversos questionamentos, ela perguntou: “Na sua avaliação, onde estará o jornal daqui a 10 anos?”. Ironicamente, há dois anos eu havia feito esta mesma pergunta para um grupo de donos de restaurantes, durante um jantar. Nesse momento parei e propus à Juliana que parafraseasse sua pergunta para um tempo menor: 5 anos. Ela aceitou. Aí, disse que continuava acreditando no nosso modelo de negócio, muito em função do perfil de público ao qual o jornal é direcionado e seus hábitos de consumo de noticia.

E encerrei contando um fato: há duas semanas, em visita a um cliente do segmento de moda, perguntei à sua esposa, de 45 anos (lembrem, nosso público), se ela estava recebendo a edição online pela lista de transmissão do WhatsApp ou por e-mail, através de nossa newsletter. E ela respondeu. “Recebo sim, nas duas plataformas, mas eu prefiro o impresso”.

Agradeci a gentileza das palmas ao final e desejei a todos os acadêmicos muito sucesso na profissão que estão escolhendo.

Hermann Byron Neto é o fundador e diretor-executivo do Jornal Imagem da Ilha