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Crau de que?
Crowdsensing! Anote aí porque este termo você vai ouvir falar – e muito – nos próximos anos. E é neste conceito que Florianópolis ganha um aplicativo inédito que vai possibilitar ao cidadão monitorar todos os problemas da cidade em tempo real. Veja como

Ilustração: Tiago Moratelli

Publicado em 09/10/2018

Toda vez que você pede ao Waze para que ele te sugira um percurso mais rápido em meio ao caos da mobilidade urbana, você está participando de uma rede de crowdsensing, ainda que você não saiba. Mobile crowdsensing é um termo em inglês que significa sensoriamento da multidão via dispositivos móveis. No caso do Waze, solução desenvolvida por israelenses há mais de dez anos, mais precisamente no início de 2007, funciona com a participação das pessoas que, pelo celular e de forma colaborativa, indicam acidentes, engarrafamentos, obras na pista, velocidade nas vias e outras informações. Todo esse conteúdo é inserido de forma inteligente e em tempo real sobre um mapa dinâmico da região e o aplicativo consegue então indicar o melhor percurso. E engana-se quem pense que é preciso informar proativamente o Waze para que ele use as informações. Não. Basta deixar o aplicativo aberto e ele já envia para o servidor a sua velocidade e onde você está – tudo anonimamente.

Na prática, as aplicações de mobile crowdsensing são aquelas em que os usuários coletam e compartilham informações por meio de diferentes sensores do celular – microfone, câmera, GPS, entre outros. Normalmente, o objetivo dessas coletas e compartilhamento de dados é contribuir para a tomada de decisão ou informar acontecimentos. Além do Waze, há outros exemplos de aplicações de MCS, como a cobertura de notícias instantâneas, que trazem informações sobre desastres climáticos, poluição do ar, buracos em vias públicas, vagas em estacionamentos, entre outros.

A grande novidade é que Florianópolis ganha a partir de agora um aplicativo de monitoramento para registrar os problemas da cidade: buraco na rua, ônibus que atrasa, falta de sinalização adequada nas vias, lixo exposto. O ParticipACT, novo aplicativo que pode ser baixado gratuitamente no celular, inclui o cidadão na gestão de cidades inteligentes e foi desenvolvido por profissionais catarinenses e italianos. Na dianteira está a Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), em parceria com outras duas instituições – Universidade de Bologna (UNIBO), que desde 2012 executa projeto semelhante na Itália, e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC). O projeto também conta com apoio de entidades como a Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF), e Associação FloripAmanhã, além de empresas do polo tecnológico de Florianópolis como Neoway e Softplan. 

Mas pra quê isso tudo? Simples: buscar a gestão eficiente e participativa de cidades inteligentes por meio de uma plataforma de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Entre os objetivos do projeto, está a implantação de um big data com dados de organizações públicas e privadas, além dos dados coletados de forma participativa e colaborativa pelos cidadãos, com o suporte de um sistema de mobile crowdsensing (MCS). Ou seja, a partir de uma solução simples que permite a voluntários registrar problemas do dia a dia de Florianópolis, pode estar a chave para a tão sonhada gestão eficiente da nossa cidade. Isto porque, com o levantamento e cruzamento de dados, gestores públicos, pesquisadores e a população terão um entendimento mais claro dos problemas, e as soluções poderão ser encaminhadas com base em informações consistentes e confiáveis.

Nesta primeira fase, a equipe do projeto – liderada pelo professor Carlos De Rolt – está trabalhando na divulgação do aplicativo junto à população para conquistar os voluntários que irão abastecer o sistema com os relatos dos problemas urbanos. Outra frente de trabalho dos pesquisadores é o cruzamento de bases de dados da cidade, como consumo de energia elétrica, produção de lixo, tráfego de veículos, acidentes de trânsito, violência urbana, entre outros. Para isso, além de contar com a ação voluntária dos usuários que baixam o aplicativo e fazem os registros, o Laboratório de Gestão da UDESC/ESAG já firmou alguns convênios com empresas de serviços públicos, integrando os bancos de dados das concessionárias ao banco de dados do ParticipACT.

 
Quer participar? É simples

Depois de instalar o APP (é gratuito e está disponível para Android e iOS), o usuário pode registrar os problemas da cidade, apontando no mapa o local da ocorrência e descrevendo-a em texto, áudio e/ou vídeo. Os registros poderão ser visualizados no mapa do próprio aplicativo e no portal http://www.participact.com.br. O cidadão também pode deixar, por determinado tempo, alguns sensores do celular ligados para que o próprio aplicativo colete informações sobre trajeto, tempos de parada e outras informações que formarão um grande banco de dados sobre a cidade, e que será estudado em pesquisas dos hábitos de mobilidade urbana. 

Legal lembrar que o ParticipACT tem uma política rigorosa de privacidade. Ou seja, é assegurado aos voluntários cadastrados que seus dados não serão utilizados para fins comerciais ou de marketing, nem tampouco vendidos. Então, bóra lá participar baixando o ParticipACT pra fazermos de Floripa uma cidade mais humana, inteligente e colaborativa!