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Coluna Raul Sartori - 2ª quinzena de stembro/2018


Publicado em 25/09/2018

Iguaria (FOTO - Crédito: Reprodução)
 
Curiosidade gastronômica: catarinenses, gaúchos e paranaenses comem tanto coração de frango (impressionantes 4,2 bilhões de unidades por ano, ou 75% do consumo nacional) que é o único produto avícola não exportado. Até tem havido importações para atender a demanda.

Cartilha

Seguindo orientação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em sermões nas igrejas católicas de SC se ouvem padres pedir a seus fiéis que não votem em candidatos contrários às suas determinações, como a reforma trabalhista, terceirização, aborto, casamento homoafetivo e teto de gastos, entre outros. Recomenda-se a candidatos mais liberais a não frequentarem tais lugares, caso contrário terão que ouvir o que não querem. Se bem que não raro são palavras ao vento. O telhado do catolicismo também tem vidro.
 
Apelo de Moreira

Ao comentar as cambaleantes contas do Estado com dirigentes de organizações do segmento de comunicação, em Florianópolis, dia desses, Pinho Moreira inovou: foi o primeiro governador, dentre os mais recentes, a manifestar o desejo – e o fez quase que em apelo - de que se rediscuta os índices de repasse de receitas do ICMS aos poderes (TJ-SC, TCE, MP-SC) que, não é preciso dizer, vivem um mundo à parte, recebendo centenas de milhões, constitucionalmente legais, mas muito além do que verdadeiramente necessitam. Apesar da gastança desmesurada – até dois anos atrás servidores dos poderes recebiam uma imoral gratificação natalina; a última foi de R$ 4 mil – mesmo assim tem sobrado dinheiro. A lamentar, ainda, que nenhum candidato a governador tenha tocado no assunto, nem de longe. Porque será?

Caixa preta

O deputado federal Décio Lima, candidato a governador, tem percebido o susto de algumas pessoas quando diz, em sua campanha, que boa parte dos R$ 6 bilhões de isenções fiscais do Estado beneficiam 19 empresas. As amigas do rei. Se for eleito, promete mudar tal política e investir em outras áreas, em especial na educação.
 
Não votam

As folhas paulistas e cariocas estão chamando a atenção para a presença de inúmeros candidatos, principalmente a deputado estadual, que para sensibilizar o eleitorado se propõem a defender aqueles que não votam, os animais. Defesa que não se vê, ainda, em SC, a terra das infames farra do boi, puxadas de cavalo e das brigas de cães e galos, que têm vários políticos entre seus simpatizantes e, quando não, apoiadores ou patrocinadores.
 
Em crise 

A Assembleia Legislativa quer ouvir, em audiência pública, as informações da Univali para sua crise, especialmente financeira. É quase certo que logo em seguida outras instituições do Sistema Acafe queiram fazer o mesmo. Quase todas enfrentam seus piores dias.
 
Sem saudades

De Florianópolis, onde vive, o ex-craque Paulo Cézar Caju escreveu para “O Globo”, onde tem uma coluna semanal, que ainda está estarrecido com o incêndio no Museu Nacional e que nada mais o surpreende “nesse país governado por múmias”. Relata que esteve no Rio recentemente e nunca viu tantos moradores de rua, abandono completo. Acrescenta: “O pior é que, agora, as mesmas múmias de sempre saíram de seus sarcófagos com as velhas promessas de sempre. Foram essas múmias que despejaram milhões no Maracanã e o deformaram. O Rio já não é mais cartão postal de nada e torra sua imagem diariamente”.
 
Representatividade regional

Vem obtendo expressiva repercussão uma campanha apartidária apoiada por várias entidades empresariais da região de Laguna e Tubarão para que os eleitores votem em candidatos que realmente possam representá-los, de fato, nos parlamentos. “Quem vota em candidato de fora, não dá futuro para a nossa região” é o simples mas comunicativo e direto slogan. Que sirva de referência e alerta.  
 
Melhor calado

O governador Pinho Moreira, que estaria sendo instado a adotar o princípio do “bateu, levou” diante de ataques de adversários nesta campanha eleitoral, tem seus motivos para ficar em silêncio. Tramitam contra ele, na 1ª instância da Justiça Estadual, quatro ações por improbidade administrativa quando ele foi presidente da Celesc por duas vezes, em 1997 e de 2007 a 2009. O Ministério Público de SC pede o ressarcimento de R$ 224 milhões de prejuízos que ele teria causado à estatal. Por tais ações ele tem bens indisponíveis até o valor de R$ 14 milhões.

Aculturação
 
Em dezenas de municípios catarinenses não houve parada cívica da Independência, dia 7 passado, sequer em escolas públicas. Lamentável e deplorável. Mas, desde aquela data, estendendo-se pelo resto deste mês, em vários deles, envolvendo também suas escolas, está acontecendo a Semana Farroupilha, de exaltação da cultura gauchesca. Por que tratamento tão desigual?
 
Descaso

Imóveis do INSS poderão ser utilizados por entidades de assistência social sem fins lucrativos, conforme projeto que tramita no Senado. Quem sabe, virando lei, tenham alguma serventia os vários e imensos imóveis (que mais se parecem ginásios esportivos decadentes), há décadas vazios e se deteriorando. Um deles, em pleno centro de Florianópolis, a poucos metros do shopping Beiramar. É um clássico exemplo de mau uso de bens públicos que poderiam ser ocupados de forma útil. Ali próximo, distante 200 metros, o Ministério do Exército é dono de um terreno de esquina, cercado, desocupado e sempre sujo.
 
Proteção

O TJ-SC, TCE-SC e a Assembleia Legislativa, que são vizinhos na Praça da Bandeira, em Florianópolis, estão juntos na montagem de um projeto para proteção de todo o seu entorno. O Legislativo vai disponibilizar uma viatura operacional, com efetivo compartilhado, para rondas ostensivas nos arredores. Mas se essas três instâncias diminuíssem ou até dispensassem suas custosas  “casas militares”, sobraria muito policial não só para a segurança dos arredores, mas também de boa parte da cidade.
 
Encrenca

A campanha política deste ano em SC já deixa sequelas visíveis e de difícil conserto pelas circunstâncias. Normalmente discreto e comedido em declarações, o ex-governador e ex-senador Jorge Bornhausen fugiu de seu estilo ao indicar que não vota nem apoia o candidato a governador, Gelson Merísio.  Para tomar iniciativa de dar um veto público a uma candidatura majoritária (Merísio, no caso), é porque rolou algo realmente muito sério nos bastidores.  A expectativa e a curiosidade são grandes para que a verdadeira razão desse rompimento venha a público um dia.
 
A conta

Em dezenas de câmaras de vereadores de SC estão assumindo suplentes. Tudo porque os titulares estão empenhados em campanhas eleitorais. E o contribuinte ali, pagando os dois, o titular e o suplente. Um absurdo. Quem se licencia deveria também abdicar do salário e vantagens, não é?
 
Faltou o que?

Candidatos ao governo do Estado e Senado estão criticando o fato de o governo federal ter destinado a SC neste ano apenas R$ 280 milhões dos R$ 771 milhões previstos do Orçamento Geral da União e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para obras de infraestrutura de transporte, conforme relatório de acompanhamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina - Fiesc. Sim, é um ato de discriminação, mas é preciso dizer que a representação política catarinense no Congresso não tem cobrado um tratamento melhor como deveria. Parece que tudo ela aceita, passivamente. Antes e agora e, tudo indica, sempre.
 
Homenagem

Através da lei estadual 17.582, sancionada  pelo governador Pinho Moreira, foi denominada “João Nelson Zunino” (ex-presidente do Avaí, falecido em dezembro de 2014) o recém construído elevado da Avenida Deputado Diomício Freitas, no bairro Carianos, que liga o Centro ao Sul da Ilha de SC.
 
Burocracia italiana

Há um novo abaixo-assinado circulando nas redes sociais pedindo subscrição dos descendentes de italianos no Brasil para que o governo central da Itália melhore os serviços consulares no país. Se já não eram e não são bons  – como os catarinenses estão atestando em relação ao de Curitiba, que atende SC e Paraná – podem piorar. O novo governo italiano não tem nenhuma simpatia a imigrantes, mesmo em relação a descendentes que buscam a dupla cidadania.


Sobre o autor

Raul Sartori

Jornalista e colunista de política do Imagem da Ilha


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