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Caminhos para recordar

Paulo Ghisleni encontrou nas trilhas sagradas a conexão que procurava (Fotos: Acervo pessoal)

Publicado em 25/10/2021

Paulo Ghisleni, 66, chegou a Florianópolis com a esposa e as duas filhas, há 21 anos, vindo de Gramado (RS). Buscava por mais qualidade de vida e conta que foi bem acolhido na capital catarinense. Natural de Apucarana (PR), Ghisleni é corretor de imóveis, empreendedor da área hoteleira e da construção de galpões. As viagens sempre fizeram parte da vida da família, momentos para recordar e se reconectar.

Em 2006, iniciou sua jornada pelas trilhas milenares e espirituais. Os motivos, ele conta, “foram o retorno ao meu passado, relembrando viagens feitas com o meu pai no período em que fui caroneiro. Os caminhos são sinônimos de aventura e também um mergulho na natureza e na história”. Em 10 anos, ele percorreu 8 caminhos: 5 vezes o Caminho de Santiago de Compostela, 2 vezes caminhando pelo interior da Itália, e uma vez o caminho português de Santiago. Desbravou trilhas de 1 mil anos na Espanha e de 2 mil anos na Itália.

Viajar está no DNA da família. Em 2008, Paulo, a esposa Suzana, e as filhas, Rafaela e Giovanna, realizaram juntos um ano sabático por 8 meses na Inglaterra e na Itália. A família é sua maior incentivadora quando ele resolve fazer as longas caminhadas. Giovanna, a filha mais nova acompanhou o pai em um dos caminhos de Santiago. “Foi gratificante ter a minha filha acompanhando os meus passos no caminho de Santiago”, conta. 

Com a filha Giovanna em um dos caminhos de Santiago
 

As caminhadas geralmente são realizadas durante as férias do trabalho. Por isso, Paulo e a esposa Suzana aproveitam também para passear pela Europa, um dos destinos que mais gostam de viajar. “A Suzana me deu suporte para que eu pudesse subir e descer as trilhas milenares. Nós fizemos juntos algumas caminhadas de treinamento em Florianópolis e na Toscana (Itália), antes do meu primeiro caminho, em 2006. Ela também caminhou comigo no interior da França e no meio dos vinhedos e das lavandas”, conta ele, que . 

Paulo e a esposa Suzana: parceria nas viagens
 

Com exceção de três caminhadas longas, que levaram um período de 24 a 35 dias para serem realizadas, duas foram percorridas em 15 ou 16 dias. 

O caminho mais marcante

Paulo Ghisleni conta que cada caminhada teve sua descoberta de lugares, momentos e, principalmente, de pessoas. “O primeiro Caminho de Santiago deixou muita saudade. Conheci a solidariedade presente em todas as trilhas e ganhei amigos que permanecem no meu coração. Foi a oportunidade de pegar uma carona na aventura”.  Ele destaca um trecho de seu livro “8 Caminhos: Um peregrino nas trilhas sagradas”, que será lançado em breve em Florianópolis: “O primeiro caminho a gente nunca esquece, e os outros são inesquecíveis”.

O livro

O projeto de escrever o livro iniciou em 2012, quando ele fazia o caminho de Santiago pela terceira vez, mas que só foi concretizado durante a pandemia da Covid-19. “Naquele caminho eu conheci uma pessoa incrível, um holandês que saiu da sua casa, na Holanda, e caminhou 2.107 km até Santiago de Compostela. Esse foi o seu primeiro caminho, ele tinha 64 anos e, depois ele caminhou mais 17 vezes os 800 km do caminho francês”, relembra. “Escrever as histórias foi o presente da pandemia. Consegui caminhar pelas trilhas, dormir nos albergues, abraçar os amigos, tudo sem sair de casa”, conta.

As histórias foram escritas à mão, à caneta. Registros que ele trouxe da infância até os momentos atuais. “Falei da vinda do meu bisavô, da Itália, contei sobre o meu avô, aquele que, junto com a minha avó, colocou no mundo 14 filhos. Lembrei do meu pai e de seus ensinamentos. Depois, veio a minha primeira viagem para a Europa, na companhia da mochila e pegando carona pelas estradas da França e Alemanha”. 


Paulo Ghisleni

Ele lembra que “8 Caminhos: Um peregrino nas trilhas sagradas” aborda ainda o ano sabático em família e os seus primeiros passos e aventuras nos 8 caminhos. “Escrevi tudo sozinho nas madrugadas da pandemia. Foram 14 meses resgatando histórias de peregrinos no diário de cada caminho. As letras caiam no papel e, assim, consegui caminhar sem sair de casa”, finaliza.

Da redação

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