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A emoção na fotografia de Mariana Boro
Entre as 15 fotógrafas do Brasil destacadas pela Archdaily, Mariana Boro nada contra a corrente da monocultura da imagem e provoca a sensibilidade do olhar em camadas muito sutis

Mariana Boro capta com maestria as cenas cotidianas (Fotos: Mariana Boro) **Clique para ampliar

Publicado em 05/10/2022

Farelos de biscoito, um copo de leite, um óculos sobre a mesa. Simples cenas do dia a dia atraem o olhar da fotógrafa Mariana Boro, 42. A partir desses vestígios, a profissional enquadra com "maciez" estética os simples movimentos domésticos. Parte do sujeito para entender a condição do espaço, ordenado em fluxo para servir as pessoas. E não o contrário.

Captura o rastro da luz em relação com o lugar, com a arquitetura. A transfiguração da passagem do dia. Direciona a percepção para a geometria, as sombras que aparecem e logo esmorecem. As  respostas dos materiais refletidas no comportamento das cores e texturas. São várias camadas sutis, minúcias. Natural do interior de São Paulo, Mariana mudou-se para a capital catarinense há quase duas décadas, para estudar. A formação em design gráfico pela UDESC é um grande plus de conhecimento que utiliza na interpretação da composição, harmonia e recortes do cenário. 

"Há várias camadas nos projetos de arquitetura e interiores - residenciais, corporativos, comerciais, de produto -, sutis e expostas, que precisam ser reveladas, sentidas, percebidas pelo corpo. Pelo observador numa imagem bidimensional. Valorizar a profundidade, perspectiva e sentidos é um trabalho bem complexo para apresentar a versão narrativa que tem a ver com o projeto, com o trabalho do profissional que assina", conta a fotógrafa e designer gráfica.

Linguagens que se somam na construção da imagem. Mariana não trata trabalhos autorais como escala de moldes, uma fábrica de ângulos prontos e retratos que homogeneizam a diversidade da produção arquitetônica e de design de interiores. É uma pena e uma perda para o próprio mercado, considera a fotógrafa. A monocultura visual firmada de tempos em tempos só faz esfarelar a conquista da identidade. 

Com escritório A CASAA sediado em Florianópolis e atuação Brasil afora, Mariana Boro luta como uma mulher numa sociedade ocidental cultural ainda altamente desfavorável à valorização do  gênero por trás da câmera. Foi elogiada pelo primor de sua produção pela revista Casa & Jardim, citada também pela Design Weekend São Paulo. E, atualmente, comemora seu nome entre as 15 fotógrafas brasileiras apontadas pelo portal referência no setor Archdaily. 

Nas horas vagas, quando não está fotografando, Mariana gosta de ficar em casa na companhia dos seus 10 cachorros e três gatinhos. Todos são adotados e sem raça definida. Inclusive a causa animal está nas prioridades da vida, como prática e como incentivo cultural para adoção. De acordo com ela, "num mundo tão acostumado ao descarte, a status de marca, levantar essa questão é fundamental para a mudança de pensamento e ação".

Texto escrito por Luciana de Moraes

Da redação

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