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Enfatizar o papel de cada usuário das vias públicas é o foco da Semana Nacional do Trânsito em 2017

Até 2030, o número de mortos em acidentes pode chegar a 1,9 milhão de pessoas em todo o mundo, daí a importância de conscientizar a população (Foto: Divulgação)

Publicado em 16/09/2017

No Cartoon Motor Mania, da Disney, o senhor Walker é um homem comum, de hábitos comuns; um cidadão inteligente, gentil, amável e honesto, incapaz de matar uma formiga. Ele se considera um bom motorista, mas, quando pega no volante, sofre uma metamorfose e se transforma num condutor diabólico. A sensação de poder no comando do automóvel muda a sua personalidade e ele vira o Sr. Willer, um sujeito grosseiro, sem paciência, que se comporta como o “dono da rua”, xinga as pessoas ao redor, não respeita às leis de trânsito e se envolve em vários acidentes. Apesar de ficcional, o Sr. Willer parece ter sido inspirado em muitos condutores da vida real, que acabam se envolvendo em sinistros por pura imprudência.

De acordo com o Observatório Nacional de Segurança Viária, 90% dos acidentes ocorrem por falhas humanas – que vão de desatenção dos condutores ao desrespeito à legislação. As mais comuns citadas pela instituição são o excesso de velocidade, manuseio do celular, falta de equipamentos de segurança como o cinto de segurança ou capacete, uso de bebidas alcóolicas antes de dirigir e até mesmo dirigir cansado.

Em 2012, 46.689 pessoas morreram devido a acidentes de trânsito no país, o que significa uma morte a cada 12 minutos. Os números estão no documento Retrato da Segurança Viária no Brasil, uma iniciativa público-privada. Segundo o levantamento, motociclistas lideram o ranking, com 36,2% de óbitos e 55% de feridos – sendo que as motos somam 26,4% da frota de veículos brasileira. Os índices envolvendo pedestres também são alarmantes: totalizam 25,4% das vítimas fatais em acidentes viários, sendo que no Norte o índice chega a 32,3% e a 31,4% no Sudeste.

Ainda conforme o Relatório, o cenário atual sugere que até 2030 o número de mortos em acidentes pode chegar a 1,9 milhão de pessoas em todo o mundo. Daí, a importância de conscientizar todos os usuários das vias públicas a terem mais atenção, respeito e empatia no trânsito, para que esse triste prognóstico não se concretize.  O uso do cinto de segurança, por exemplo, é uma medida simples que reduz o risco de morte em até 50% dos casos entre passageiros nos bancos dianteiros, e em até 75% para os ocupantes do banco traseiro.

Um trânsito mais democrático e cidadão

Atento à realidade acerca do trânsito brasileiro, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) realiza, de 18 a 25 de setembro, a Semana Nacional do Trânsito (SNT). O evento acontece todos os anos e nele são promovidas diversas atividades em todo o país para estimular uma mudança de comportamento no trânsito e transformar as ruas num espaço de cidadania, tornando cada um dos usuários das vias – motoristas, motociclistas, pedestres, ciclistas, passageiros etc – protagonistas dessa nova realidade.

O tema “Minha escolha faz a diferença no trânsito” foi escolhido não apenas para a SNT, mas para todas as campanhas e ações educativas envolvendo o trânsito em 2017. Com isso buscou-se enfatizar a importância e a valorização da responsabilidade de todo cidadão na construção de um trânsito mais seguro e saudável.

Para Luiz Gustavo Campos, diretor e especialista em trânsito, o trânsito é um ambiente complexo onde o espaço é dividido por diferentes pessoas e veículos, por isso exige condutas adequadas e bom senso por parte de todos. “Todos têm essencial e igual relevância na construção de um trânsito mais humano e mais seguro. O motorista deve respeitar os limites de velocidades estipulados. O pedestre deve usar a faixa para travessia e fazê-la com atenção máxima. O ciclista não deve pedalar nas calçadas, destinadas exclusivamente aos pedestres. Motociclistas não devem circular pelo corredor. Precisamos pensar o trânsito como um organismo vivo constituído de diversas partes, e o mote das campanhas educativas desse ano deixa isso claro: minha escolha faz a diferença, independe de qual meio de transporte estou utilizando”, aponta.

Ainda segundo Campos, algumas medidas podem ser adotadas para tornar o trânsito mais seguro. “Educação. É preciso pensar e realizar campanhas e ações educativas sistemáticas, como a SNT, que falem aberta e claramente ao público sobre a importância de um trânsito mais democrático, que não seja palco de tantos acidentes e mortes. Também investimentos em infraestrutura e gestão do trânsito, para proporcionar melhor qualidade de vida a todos. Ainda, legislação eficaz e fiscalização.

 

 

Da Redação