21° | Nublado'Entre lá e cá: sou memória e sonhos em fragmentos' está em exposição no Beiramar Shopping
Imagine uma exposição inspirada no tempo. Mas não pura e simplesmente naquele tempo onde vemos os ponteiros mexerem e as horas passarem. Um tempo baseado na teoria de Henri Bergson, filósofo francês, que aborda a questão do tempo e a noção de duração do mesmo. O filósofo aborda a questão do tempo ser indivisível, que o tempo dura e não é imagem. Mas isso não é algo que se possa apreender através da inteligência, segundo Bergson. Só podemos apreender a duração, o fluxo do tempo, pela intuição.
A nossa inteligência tende a paralisar o devir, e seria um instrumento muito grosseiro para apreender a continuidade em mudança. É assim que Tamires de Oliveira Moraes, de 24 anos, formada em Cinema pela UFSC, vê e apresenta seu trabalho, em exposição que acontece no Beiramar Shopping, intitulada “Entre lá e cá: sou memória e sonhos em fragmentos”, de 07 a 17 de agosto.
São fragmentos do tempo. “É um trabalho bem pessoal. Eu sempre falo que é uma brincadeira, porque é, na verdade. E eu levo brincadeiras muito a sério. Uma brincadeira de misturar tempos que pretendo continuar. O responsável pelo impulso de tal jogo foi Bergson, que está presente comigo. Brinco, com ele, de misturar tempos. Com esse trabalho, carrego tudo e nada em mim, e transito por tempos meus, de outros “alguéns” e me monto no meio disso. Fragmentos diversos que se acumulam em mim acabam por cair entre lá e cá. Percorro lugares que reconheço e outros desconhecidos junto de pessoas que nunca vi e, também, de familiares distantes. Do interior de Minas Gerais, na década de 60, acabo me transportando para uma Paris efervescente de 2015. Reconheço meus avós e passeio com eles pelas velhas ruelas da cidade que me acolheu e faz parte de mim”, explica a artista.
Tamires sempre foi fascinada pelas fotografias antigas de família. “Principalmente essas que costumam ser guardadas em velhas caixas de biscoito. E, ainda mais, pela história dos meus avós maternos que possuíam um parque de diversão itinerante. Essa imagem na minha cabeça sempre me fazia sonhar e fantasiar histórias, era mágico para mim - mesmo sabendo que era uma vida nada fácil, a partir de histórias de minha mãe, tias e tios. Na minha casa, eu me designei “cuidadora” dessas fotografias antigas de família. Até que conheci o filósofo Henri Bergson e sua teoria sobre o tempo numa aula. Fiquei um ano em Paris, num intercâmbio na Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3, cidade que inspirou muito o trabalho (e se faz totalmente presente) e me deu o empurrão que precisava para começar. A partir daí, tudo começou a se encaixar de alguma maneira. Voltei para o Brasil e comecei a brincadeira de misturar tempos”, comenta a autora da exposição.
Na mostra o público encontra 12 painéis fotográficos, em preto e branco, tamanho 40x60, em papel tipo cartão. Quando questionada sobre o que essas 12 fotografias representam, Tamires pontua não saber se há uma única e definitiva resposta para a questão. “Acredito que há algumas que podem (e devem) mudar de acordo como eu mesma vou mudando e, também, o trabalho. De alguma maneira, talvez, elas me representam. Meus sonhos, meu passado acumulado até agora... Elas me compõem”, finaliza.
Serviço:
O que: Exposição Entre lá e cá: sou memória e sonhos em fragmentos
Local: Piso L4 – Cinema – Cinespaço Beiramar Shopping
Quando: 07 a 17 de agosto
Horário: 10h às 22h
Entrada gratuita
